quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Casa em São Paulo mantém a cidade a seus pés

O terreno difícil se tornou o maior aliado deste projeto em São Paulo. Para vencer os declives acentuados nos fundos e na lateral do lote e explorar a vista panorâmica, o desenho previu a implantação em sete meios-níveis.

A arquitetura desta casa surgiu da necessidade de comunhão com a natureza. Encravada numa ladeira, ela foi levantada sob a perspectiva de oferecer uma visão notável aos moradores. Das amplas vidraças que marcam a fachada oeste, vislumbram-se tempestades ganhando força ao longe, o Sol sumindo no horizonte, estrelas estalando no céu e copas de árvores a perder de vista. Por vezes, elas deixam até os passarinhos entrar. Um privilégio numa cidade tomada por prédios altos e à míngua de verde. Aqui, o maior luxo é desfrutar justamente as experiências simples da vida.

Foi numa tarde na praça do Pôr do Sol, famosa pela vista panorâmica da cidade, que nasceu o desejo do arquiteto Sérgio Camargo de morar e trabalhar no mesmo endereço – desde que o lugar tivesse localização privilegiada. Para dar forma ao sonho, ele mapeou a capital em busca de áreas elevadas e ruas sem saída. Após dois anos de intensa procura, descobriu o lote ideal, uma pirambeira na zona oeste, no tamanho exato dos anseios da família. Durante meses, Sérgio carregou um caderno de capa vermelha embaixo do braço, onde rabiscou ideias e achou soluções.
Com cerca de 200 páginas, ele se tornou uma espécie de compêndio da obra. Entre um croqui e outro, percebese que chegar ao projeto final não foi tarefa fácil. Além da vista, Sérgio levou em conta a integração dos espaços internos, distribuídos em sete meios-níveis separados por atividades. O jogo de pés-direitos e os panos de vidro que cortam as paredes exacerbam essa união. Outra preocupação do arquiteto foi adotar poucos revestimentos e simplificar a manutenção. Eis uma visão moderna de mundo.


 Em toda a construção, caixilhos de cumaru prendem os painéis de vidro temperado (Temperal Vidros), de 10 mm, que mantêm a casa sempre ventilada e iluminada, mesmo à noite, quando é invadida pelas luzes da cidade em todos os ambientes.


A piscina (2,50 x 4,50 m) foi encaixada nos fundos, a parte mais acidentada do terreno, sobre a casa de máquinas e um depósito. De concreto armado, apoia-se em quatro pilares ligados aos tubulões enterrados (6 m) no solo.


Com inclinação lateral de 1,20 m, a frente da casa ganhou garagem com portão de tubos de aço e tela galvanizada (Pedro Zuccolini), finalizado com primer e antiferrugem (Ferrolack Ypiranga). A entrada abriga as escadas que conduzem ao escritório, no subsolo, e à àrea social, no segundo piso. Rasgos envidraçados na fachada deixam a paisagem sempre à vista.


No topo, elementos vazados de concreto (Neo-Rex) escondem as caixas-d’água. O corredor lateral leva à sala


 O piso é de granilite, com acabamento de cera acrílica. No vidro que fecha a sala de TV, no quarto nível, uma reprodução do desenho do Rei Leão feito por Julia, filha doarquiteto, quando ela tinha apenas 6 anos. 


A partir das vidraças da sala, um horizonte aprazível de São Paulo. As vigas e a lareira suspensa são de concreto armado aparente, moldadas com placas de OSB para ter a superfície marcada por sua textura. No corredor, um espelho-d’água decorativo.


 Trabalhar em casa. Um dos trunfos da construção foi abrir espaço para o arquiteto sérgio camargo montar seu escritório num patamar inferior (apenas alguns degraus) à sala de estar. Através dos elementos vazados voltados para o oeste, ele avista o skyline de São Paulo enquanto cria. De quebra, dispõe de conforto térmico sem refrigeração artificial. No espaço, o concreto aparente de blocos, pilares e lajes mais uma vez reflete a opção por uma linguagem simples, que norteou todo o trabalho.


Uma chapa metálica dobrada, de 8 mm de espessura, desenha os quatro lances da escada que integra sala, cozinha, sala de TV e escritório, no último piso. 


Chumbada na alvenaria, apresenta acabamento de cumaru (25 mm). No corredor das suítes, a parede recebeu massa grossa e tinta laranja.


Já a cozinha traz piso de granilite (mistura feita na própria obra) e marcenaria de MDF, executada pelo arquiteto. A bancada de granilite preto arremata o conjunto 


A bossa do banheiro fica a cargo dos painéis de laminado fosco colados na parede. Juntas de dilatação impedem que o material empene.


fonte:http://casa.abril.com.br

Um comentário:

  1. Uma dos melhores projetos q eu vejo de casa em anos... estou incluindo projetos internacionais, maravilha da arquitetura tupiniquim.

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